A Guerra Submersa: Como Narcossubmarinos Não Tripulados Redefinem o Tráfico Global
Em julho de 2025, nas águas do Caribe colombiano, a marinha local interceptou uma embarcação que, embora vazia, representava uma carga mais pesada para a segurança global do que qualquer quantidade de narcóticos: o primeiro narcossubmarino não tripulado e guiado remotamente.1 Este evento não foi apenas mais uma apreensão, mas a materialização de uma nova era no combate ao tráfico internacional de entorpecentes. Ele assinala uma mudança de paradigma, onde a tecnologia de ponta, antes domínio de atores estatais, é agora plenamente operacionalizada por organizações criminosas transnacionais. Este artigo analisa a trajetória evolutiva dos narcossubmarinos, desde as suas origens rudimentares como uma tática de contrainsurgência logística dos cartéis colombianos, até se tornarem o vetor de uma sofisticada ofensiva transoceânica. Argumenta-se que a chegada dos sistemas não tripulados elimina a principal vulnerabilidade do narcotráfico, o fator humano, e inaugura um futuro de desafios assimétricos que exigem uma reavaliação fundamental das estratégias de interdição e segurança internacional.
Gênese de uma Tática: Dos Primórdios na Selva ao Modus Operandi Transnacional
O surgimento dos narcossubmarinos não é um fenômeno recente, mas o resultado de um processo de adaptação estratégica que remonta às últimas duas décadas do século XX.3 Confrontados com a intensificação da vigilância em portos e aeroportos, os cartéis colombianos, pioneiramente o de Medellín, buscaram um novo domínio para as suas operações logísticas: o ambiente submarino.3 O que começou como uma resposta tática à pressão estatal evoluiu para uma indústria clandestina sofisticada.
A construção dessas embarcações ocorria em estaleiros artesanais escondidos nas profundezas das selvas da Colômbia e do Equador, em "condições obscuras" que demonstram a notável capacidade logística das organizações criminosas.3 Com custos que atingiam até 2 milhões de dólares por unidade, apenas as organizações mais capitalizadas, como as antigas FARC e os grandes cartéis, podiam financiar tais projetos, tratando o investimento como um risco calculado diante do lucro monumental de uma única travessia bem-sucedida.3
Inicialmente, o corredor principal de operações era o Oceano Pacífico, visando o transporte de cocaína para a América Central e, subsequentemente, para os Estados Unidos.5 A maioria dessas embarcações é classificada como semissubmersível de propulsão própria (SPSS), projetada para navegar com apenas uma pequena porção da sua estrutura acima da linha d'água, tornando-as quase invisíveis a olho nu e de difícil deteção por radar.4 No entanto, a sua dependência de motores a diesel cria uma vulnerabilidade crítica: a necessidade de emergir periodicamente para ventilação, momento em que se tornam detetáveis por patrulhas aéreas e marítimas.4
A vida a bordo dessas embarcações tripuladas é um testemunho da natureza brutal deste negócio. O interior é descrito como claustrofóbico, úmido e insalubre.6 A operação "Maré Negra", que resultou na primeira apreensão de um narcossubmarino na Europa em novembro de 2019, expôs essa realidade de forma crua. A embarcação "Che", uma estrutura de fibra de vidro de 22 metros, navegou quase 6.500 quilómetros do Brasil à Galícia, Espanha.8 Durante quase um mês, a tripulação de três homens sobreviveu com comida enlatada e barras energéticas, sem saneamento básico e sofrendo de feridas na pele causadas pela umidade e vapores de combustível.8 Navegando com pouco mais do que uma bússola e telefones via satélite, enfrentaram tempestades que quase os levaram ao naufrágio.8 A motivação para tal provação era uma carga de 3.068 quilos de cocaína, avaliada no mercado europeu em mais de 150 milhões de euros.8 Este caso exemplifica um modelo de negócio onde as tripulações são ativos descartáveis, recrutadas pela promessa de uma recompensa que altera a vida.
O Salto Transatlântico: A Europa na Mira
A última década testemunhou um pivô estratégico das organizações criminosas transnacionais em direção ao lucrativo mercado europeu de cocaína. Impulsionadas por preços mais altos e margens de lucro maiores, as organizações estabeleceram uma robusta ponte transatlântica, onde os narcossubmarinos se tornaram uma ferramenta central.5 O uso de submersíveis para cruzar o Atlântico, antes uma suspeita, é hoje uma "prática comum".5 Dados do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) confirmam que as apreensões de cocaína na Europa já superam as dos Estados Unidos, o mercado historicamente dominante.11
Nesta nova geografia do crime, o Brasil emergiu como um "pivô" geostratégico.5 A sua extensa costa atlântica e a presença do Primeiro Comando da Capital (PCC), uma das mais poderosas organizações criminosas do mundo, criaram a plataforma de lançamento ideal. O modelo de negócio evoluiu de cartéis verticalmente integrados para um ecossistema descentralizado, operando como uma franquia global. Cartéis colombianos atuam como "produtores", enquanto o PCC se consolidou como o principal "franqueado" de logística para o Atlântico, oferecendo a infraestrutura e a segurança para despachar as cargas da América do Sul.5 A presença estabelecida do PCC na África e na Europa facilita toda a cadeia de distribuição.5 A descoberta de cobertores, roupas e alimentos de origem brasileira a bordo do narcossubmarino "Poseidon", encontrado na Espanha em 2023, é uma assinatura inequívoca desta rota.12
A Península Ibérica serve como a principal porta de entrada. A costa acidentada da Galícia, em Espanha, com a sua longa história de contrabando, é um destino preferencial. Após a interceptação do "Che" em 2019 13, o "Poseidon" foi encontrado na ria de Arousa em março de 2023.12 Embora a embarcação estivesse vazia, as autoridades acreditam que a operação foi um sucesso para os traficantes; a carga foi provavelmente transferida em alto-mar para lanchas rápidas ("narcolanchas") antes de o submarino-mãe ser afundado, revelando um método operacional de transbordo altamente refinado.15
Portugal consolidou-se como outro ponto de entrada vital. Em março de 2025, a operação "Nautilus", uma ação internacional coordenada, interceptou um semissubmersível a cerca de 900 quilómetros a sul dos Açores, transportando uma carga massiva de 6,6 toneladas de cocaína.17 A apreensão foi notável por ser uma das primeiras interdições bem-sucedidas realizadas tão longe da costa, impedindo que a tripulação afundasse a embarcação.19 A tripulação multinacional, três brasileiros, um colombiano e um espanhol, e a rota, desde a foz do rio Amazonas até um ponto perto de Sines, em Portugal, sublinham a natureza transnacional e a sofisticação destas operações.17
A Mudança de Paradigma Não Tripulado: A Emergência do "Submarino Fantasma"
A apreensão do primeiro "drone submersível" do narcotráfico em julho de 2025 pela Marinha da Colômbia representa uma ruptura tecnológica e estratégica.1 Atribuída ao Clã do Golfo, a embarcação foi encontrada vazia perto de Santa Marta, aparentemente numa "fase de teste".20 Esta apreensão confirmou os receios dos serviços de inteligência, que desde 2017 monitorizavam os esforços de cartéis mexicanos para contratar engenheiros e desenvolver submarinos não tripulados.20
A sofisticação do protótipo reside na sua integração de tecnologias comerciais. O sistema de comando e controlo (C2) era operado através de uma antena de internet via satélite da Starlink, permitindo que um operador pilotasse o submarino em tempo real a partir de qualquer lugar do mundo.1 Isto representa um salto quântico em relação aos telefones via satélite usados nos modelos tripulados. O seu design hidrodinâmico e de baixo perfil torna-o extremamente furtivo, quase imune à detecção por radar.2 Embora este modelo tivesse uma capacidade estimada de 1,5 tonelada, é certo que as versões futuras serão maiores e mais capazes.1
A transição para sistemas não tripulados altera drasticamente a análise de risco-recompensa para as organizações criminosas. A principal vantagem é a eliminação do risco humano.2 Em caso de captura, a perda é puramente material. Não há tripulação para ser presa, interrogada e potencialmente transformada em informante. O elo mais fraco da cadeia é removido.
Isto cria enormes obstáculos processuais. Sem uma tripulação, atribuir a propriedade de uma embarcação a uma organização específica torna-se exponencialmente mais difícil, quebrando a cadeia de evidências necessária para uma acusação bem-sucedida. Além disso, livres das restrições biológicas de uma tripulação, os submarinos não tripulados podem realizar missões mais longas e complexas, como permanecer à espreita numa área por semanas, aguardando as condições ideais para a entrega. O modelo de negócio torna-se mais eficiente, resiliente e, em última análise, mais lucrativo. A perda do protótipo, embora um sucesso tático para a marinha colombiana, pode ser vista como uma vitória estratégica para o cartel, que obteve inteligência inestimável sobre as capacidades de detecção das autoridades para a sua próxima missão real.
O Campo de Batalha Assimétrico e os Desafios da Interdição
A luta contra os narcossubmarinos é um exemplo clássico de guerra assimétrica. As organizações criminosas precisam ter sucesso apenas uma vez para obter um lucro astronômico, enquanto as forças de segurança precisam ter sucesso sempre. A física e a geografia favorecem os traficantes. O design de baixo perfil, a construção em fibra de vidro e o rastro mínimo na água tornam estas embarcações "quase invisíveis" aos sistemas de radar, sonar e infravermelhos.10
A imensidão do Oceano Atlântico torna a patrulha abrangente uma impossibilidade. A Força-Tarefa Conjunta Interagências Sul (JIATF-S), liderada pelos EUA, estima que, na melhor das hipóteses, apenas um em cada quatro narcossubmarinos é interceptado.10 Este diferencial garante que, apesar das apreensões, o volume de cocaína que chega ao seu destino final continue a alimentar um mercado em crescimento.5
Dada a dificuldade de detecção em mar aberto, a estratégia mais viável é uma abordagem focada em inteligência, que visa desmantelar a rede antes de a embarcação ser lançada.23 Isto exige uma cooperação internacional sem precedentes entre agências de inteligência, polícias e forças armadas, como a "Estratégia Orión" liderada pela Colômbia.2 O foco deve ser na repressão na origem: desmantelar estaleiros clandestinos, controlar a venda de materiais precursores como fibra de vidro e motores, e rastrear os fluxos financeiros que sustentam estas operações.23
O ambiente de alto-mar também cria um labirinto de desafios jurisdicionais. Embora países como a Colômbia tenham legislação específica que criminaliza a construção e posse de semissubmersíveis 1, a aplicação da lei em águas internacionais é complexa. A chegada dos submarinos não tripulados agrava este problema. Os quadros jurídicos existentes, tanto em Portugal (ex: Decreto-Lei n.º 15/93) como noutros países, foram concebidos para processar perpetradores humanos.24 A ausência de uma tripulação cria um vácuo legal que as organizações criminosas podem explorar, tornando urgente a atualização de tratados e leis nacionais.
O Horizonte da Narcoguerra: Trajetórias Futuras e Recomendações
A inovação criminal não cessa. O submarino não tripulado é o começo de uma nova fase de narcotecnologia. Antecipar as trajetórias futuras é essencial para que os Estados não fiquem permanentemente um passo atrás.
A evolução lógica aponta para três áreas principais. Primeiro, enxames de UUVs (Unmanned Underwater Vehicles): em vez de um único UUV grande, as organizações criminosas poderiam lançar múltiplos UUVs menores e mais baratos para saturar as defesas de uma área. Segundo, autonomia alimentada por Inteligência Artificial: futuros narco-UUVs poderiam ser programados com uma missão, usando IA para analisar padrões de patrulha e escolher autonomamente a rota mais segura, sem um sinal de C2 para intercetar. Terceiro, embarcações totalmente elétricas e submersíveis: o avanço na tecnologia de baterias levará a modelos que eliminam a necessidade de vir à superfície, tornando-os virtualmente indetetáveis. Um protótipo de submarino elétrico já foi encontrado na Colômbia em 2017, sinalizando que esta fronteira já está sendo explorada.26
Esta ameaça não existe isoladamente. Está interligada com outras atividades criminosas, como o "narco-desmatamento" e a mineração ilegal na Bacia Amazônica, que financiam o seu avanço tecnológico.9 O Relatório Mundial sobre Drogas de 2023 do UNODC alerta precisamente para esta convergência, onde o tráfico de drogas acelera o crime ambiental e a instabilidade.27
Conclusão
O narcossubmarino evoluiu de uma curiosidade tática para uma ameaça estratégica de primeira ordem. A chegada dos sistemas não tripulados marca o início de uma nova era de narcoguerra, na qual a tecnologia e a negação plausível conferem uma vantagem assimétrica às organizações criminosas. A resposta dos Estados não pode ser uma continuação das estratégias atuais. Exige-se uma transição urgente de uma abordagem de interdição física para uma de disrupção de redes, fundamentada em inteligência, domínio tecnológico e inovação jurídica. O fracasso em adaptar-se a esta nova realidade submersa garantirá que as OCTs continuem a navegar, invisíveis e impunes, sob as ondas da segurança global.
Referências
1. Colômbia faz apreensão inédita de submarino do tráfico sem tripulantes - Roma News, https://www.romanews.com.br/mundo/colombia-faz-apreensao-inedita-de-submarino-do-trafico-sem-tripulantes-0725
2. Narcotráfico colombiano fabrica o primeiro submarino teleguiado, https://www.correiobraziliense.com.br/mundo/2025/07/7190097-narcotrafico-colombiano-fabrica-o-primeiro-submarino-teleguiado.html
3. Os narcossubmarinos - Poder Naval, https://www.naval.com.br/blog/2012/04/30/os-narcossubmarinos/
4. Escuro, abafado e rende milhões: saiba como são os submarinos que levam drogas para a Europa | Lúcio Flávio Pinto, https://lucioflaviopinto.wordpress.com/2023/03/17/escuro-abafado-e-rende-milhoes-saiba-como-sao-os-submarinos-que-levam-drogas-para-a-europa/
5. Narcossubmarinos se estabelecem no Atlântico com ajuda brasileira - Exame, https://exame.com/brasil/narcossubmarinos-se-estabelecem-no-atlantico-com-ajuda-brasileira/
6. O narcossubmarino brasileiro que chegou à Europa - Mar Sem Fim, https://marsemfim.com.br/o-narcossubmarino-brasileiro-que-chegou-a-europa/
7. Saiba como são narcossubmarinos, que transportam drogas para a Europa - Vitória News, https://vitorianews.com.br/saiba-como-sao-narcossubmarinos-que-transportam-drogas-para-a-europa/
8. A incrível saga do primeiro narcossubmarino apreendido na Europa - Terra, https://www.terra.com.br/noticias/mundo/a-incrivel-saga-do-primeiro-narcossubmarino-apreendido-na-europa,44490f7d5f1ba2635e9e2117811e22ea3mkkz45o.html
9. PCC: da selva ao mar (Da degradação ambiental aos narcossubmarinos) - DefesaNet, https://www.defesanet.com.br/pcc/pcc-da-selva-ao-mar-da-degradacao-ambiental-aos-narcossubmarinos/
10. Narcossubmarinos se estabelecem no Atlântico com ajuda brasileira, https://www.meiahora.com.br/geral/mundo-e-tecnologia/2023/04/6605260-narcossubmarinos-se-estabelecem-no-atlantico-com-ajuda-brasileira.html
11. 323 toneladas de cocaína. Apreensões batem recorde na Europa pelo sexto ano consecutivo - Diário de Notícias, https://www.dn.pt/sociedade/323-toneladas-de-cocaina-apreensoes-batem-recorde-na-europa-pelo-sexto-ano-consecutivo
12. Narcossubmarino 'fantasma' encontrado na Espanha tinha cobertores, roupas e comida brasileira - Poder Naval, https://www.naval.com.br/blog/2023/03/16/narcossubmarino-fantasma-encontrado-na-espanha-tinha-cobertores-roupas-e-comida-brasileira/
13. Espanha apreende primeiro 'narcossubmarino' na Europa - Noticias R7, https://noticias.r7.com/internacional/espanha-apreende-primeiro-narcossubmarino-na-europa-27112019/
14. Narcossubmarino 'fantasma' encontrado na Espanha tinha cobertores, roupas e comida brasileira - Estadão, https://www.estadao.com.br/internacional/narcossubmarino-fantasma-encontrado-na-espanha-tinha-cobertores-roupas-e-comida-brasileira/
15. Narcossubmarino encontrado na Espanha tinha roupa e comida do Brasil - Repórter Diário, https://www.reporterdiario.com.br/noticia/3235140/narcossubmarino-encontrado-na-espanha-tinha-roupa-e-comida-do-brasil/
16. Narcossubmarino 'afundado' a um quilómetro da costa da Galiza - O Minho, https://ominho.pt/narcosubmarino-afundado-a-um-quilometro-da-costa-da-galiza/
17. Submarino com quase sete toneladas de cocaína é apreendido em alto-mar, em Portugal, https://noticias.r7.com/jr-na-tv/video/submarino-com-quase-sete-toneladas-de-cocaina-e-apreendido-em-alto-mar-em-portugal-25032025/
18. Brasileiros estão entre os presos por Portugal em submarino com 6,5 toneladas de cocaína, https://veja.abril.com.br/mundo/brasileiros-estao-entre-os-presos-por-portugal-em-submarino-com-65-toneladas-de-cocaina/
19. Submarino do Brasil que transportava 6,6 toneladas de cocaína, https://www.sbs.com.au/language/portuguese/pt/podcast-episode/submarino-do-brasil-que-transportava-6-6-toneladas-de-cocaina-e-apreendido-em-portugal/orcaojluj
20. Colômbia apreende pela 1ª vez narcossubmarino não tripulado - ISTOÉ DINHEIRO, https://istoedinheiro.com.br/colombia-apreende-pela-1a-vez-narcossubmarino-nao-tripulado
21. Colômbia intercepta narcosubmarino com tecnologia avançada de camuflagem, https://www.portaltela.com/noticias/casos-de-policia/2025/07/02/colombia-intercepta-narcosubmarino-com-tecnologia-avancada-de-camuflagem
22. Descubra os Segredos dos Narcossubmarinos no Tráfico de Drogas, https://falabarreiras.com/policiais/narcossubmarinos/
23. Narcossubmarinos no Atlântico Sul: Crime transnacional emergente, desafios para o Brasil - Revista Brasileira de Inteligência, https://rbi.abin.gov.br/RBI/article/download/255/232/670
24. Decreto-Lei n.º 430/83 | DR - Diário da República, https://diariodarepublica.pt/dr/detalhe/decreto-lei/430-1983-443290
25. Lei n.º 55/2023 | DR - Diário da República, https://diariodarepublica.pt/dr/detalhe/lei/55-2023-221432122
26. Los NARCOSUBMARINOS se están volviendo ABSURDAMENTE avanzados - YouTube,
27. Relatório Mundial sobre Drogas 2023 do UNODC alerta para a convergência de crises e contínua expansão dos mercados de drogas ilícitas, https://www.unodc.org/lpo-brazil/pt/frontpage/2023/06/relatrio-mundial-sobre-drogas-2023-do-unodc-alerta-para-a-convergncia-de-crises-e-contnua-expanso-dos-mercados-de-drogas-ilcitas.html